OS MORAVIANOS – Será que eu tenho o direito de...?


“Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus.” Filienses 2:4-5

Nessa semana estaremos estabelecendo aqui um paralelo entre o testemunho deixado pelos “Moravianos”, e a vida que temos levado revelando ou não a essência de Cristo em nós. Temos a chance de refletir a respeito do que realmente é importante para nós, e o que realmente é importante para Deus. Pensando sobre isso certamente chegaremos a conclusões que definem em nós o que fazer com os direitos que Deus nos deu.


Iniciado em Hernhut, Alemanha no século 18, o movimento de oração contínuo (24h) chamado Moravianos durou por quase 100 anos, e eles não oravam por aquilo que não estavam dispostos a ser a resposta. Dois jovens Moravianos de 20 anos ouviram sobre uma ilha no leste da Índia cujo dono era um Britânico agricultor e ateu, este tinha tomado das florestas da África mais de 2000 pessoas e feito delas seus escravos, essas pessoas iriam viver e morrer sem nunca ouvirem falar de Cristo. Esses jovens fizeram contato com o dono da ilha e perguntaram se poderiam ir para lá como missionários, a resposta do dono foi imediata: “Nenhum pregador e nenhum clínico chegaria a essa ilha para falar dessas coisas sem nenhum sentido”. Então eles voltaram a orar e fizeram uma nova proposta: “E se fossemos a sua ilha como seus escravos para sempre?”
O homem disse que aceitaria, mas não pagaria nem mesmo o transporte deles. Então os jovens usaram o valor de sua própria venda para custear sua viagem. No dia em que estavam no porto se despedindo do grupo de oração e de suas famílias o choro de todos era intenso, pois sabiam que nunca mais veriam aqueles irmãos tão queridos. Quando o navio tomou certa distância eles dois se abraçaram e gritaram suas ultimas palavras que foram ouvidas: “ QUE O CORDEIRO QUE FOI IMOLADO RECEBA A RECOMPENSA DO SEU SOFRIMENTO”.

De posse de um testemunho como esse, começo a refletir em primeira pessoa, e de fato é inevitável que eu me sinta ridículo e ignorante em relação ao pouco que tenho feito pela obra de Deus. Se eu quiser continuar a ver Cristo em relação á minha vida posso simplesmente não assumir nada disso e seguir como um crente que vai pro céu. Mas, se eu quiser ver a minha vida em relação a Cristo, será preciso admitir algumas coisas, me envergonhar pelo que não fiz (ao invés de gritar aos quatro ventos o que já fiz em prol do Reino), me arrepender, me humilhar, reconhecer, chorar e ao fim, tomar uma posição diferente, uma posição que demande honra ao Cordeiro que foi imolado.
Vivemos hoje como igreja, dias maravilhosos, maravilhosos no que diz respeito á unção, poder, graça e avivamento. Como igreja não nos falta quase nada para o sucesso do evangelho. Não falta quem pregue, não falta quem cante, não falta quem ore, não falta quem ensine, não falta quem invista financeiramente, não faltam estratégias, não faltam espaços na mídia, não falta quem pense, não falta quem escreva, não faltam evangelistas, não faltam pastores, não faltas levitas, não faltam servos, não faltam Bispos, não faltam Apóstolos e nem mesmo Patriarcas.
Mas falta sim quem misture a própria vida no envolvimento pela propagação do evangelho único. Falta quem misture a própria vida no anúncio da única boa noticia que existe: “Cristo vive e somente através dEle há salvação!”
Quando lemos o texto que cita a vergonha vivida pelos filhos de Ceva (Atos 19:13-16), que foram surrados pelo diabo porque pregavam um evangelho que Paulo cria, mas que eles não assumiam para si mesmos, temos a tendência de sorrir e pensar o quão distante estamos de uma vergonha dessas. Mas a verdade é que muitas vezes pregamos um evangelho que fala apenas do que Jesus foi capaz de fazer, mas não permitimos que isso envolva nossas vidas, nossos filhos, nossa esposa, nossos bens, nosso emprego, nosso tempo, nossa semana...etc
Será que essas atitudes nos tornam mesmo tão distantes dos filhos de ceva? (Como pastor me questiono isso em primeira instância)
Pensando um pouco mais a respeito dos Moravianos e de tantos que tem assim como Jesus, entregue tudo todos os dias em prol do próximo, vejo que existe saída para a igreja sim, afinal Cristo continua ressurreto!
Mas vasculhando os nossos dias vemos pessoas que abandonam suas igrejas, se voltam contra seus lideres, humilham seus pastores, abandonam a cobertura, racham a igreja com fofocas e maledicências e no fim com um sorriso amarelo nos lábios dizem: “Meu coração está em paz”.
Que paz seria essa, que cega, machuca, contraria a palavra e deixa no ar um rastro de contenda, tristeza e ingratidão?
Quanto vale a cobertura de um pastor sobre nós? Quanto vale as horas de suplicas de um intercessor? Quanto vale a sabedoria de um Apóstolo nos orientando e nos suportando em nossos altos e baixos? Quanto vale a dedicação de um levita nos ensinando e conduzindo em santidade ao Senhor?
São perguntas que certamente não se referem a dinheiro, porque o serviço desses não é pago em cifras, mas com honra, respeito e fidelidade. Certamente irmãos essas são questões que envolvem a todos nós, no intuito de que sejamos filhos melhores para o nosso Pai que esta nos céus. Quando olhamos para os Moravianos, somos remetidos para a Índia, Cuba, Vietnã, Paquistão, Coréia do Norte, Sudão e mais outros 44 países onde a perseguição aos Cristãos tem ceifado tantos missionários, tantos pastores, tantos servos e servas de Deus que tem oferecido as suas próprias vidas para que o evangelho de Jesus mude a realidade de miséria, tirania e morte desses lugares.
E é diante dessas realidades tão cruéis que temos que pensar e nos perguntar: Para onde a minha vida tem apontado? Será mesmo que vale a pena brigar com meus irmãos na igreja? Eu tenho realmente o direito de me ofender porque alguém na igreja passou e não me cumprimentou? Eu realmente posso me chatear porque entendo que trabalho muito na igreja e deveria por isso já ter um cargo de honra? Porque eu ainda fico chateado porque o culto não acabou na hora marcada? Porque que eu tenho que ir para a igreja todos os domingos?
É chegada a hora queridos de tirar os olhos de nós mesmo, de entregar os direitos, de buscar cobertura, de orar como nunca oramos, de nos alimentar da palavra como em nenhum outro tempo, de amar e cuidar de nossos pastores e apóstolos com uma fidelidade apontada para Deus. É tempo de sair do trono e deixar Jesus reinar em nós e através de nós, é tempo de interceder nos oferecendo como resposta ao que estamos orando. É hora de nos humilharmos elevando o valor de nossos irmãos, é hora de oferecer a nossa cadeira de honra, é hora de engolir o nosso melhor argumento, é hora de entregar a defesa através de um gesto de amor, é hora de trocar o perecível pelo eterno. É hora de buscar arrependimento, consagração e integridade, é hora de chorar com os que choram e dizer aos de joelhos vacilantes: “Não temais, o seu Deus virá com divina recompensa”. É hora do homem interior morrer para que Cristo em nos seja esperança da glória vindoura!
Num mundo que cobra direitos e que não perde nada para ninguém, temos a chance de reproduzir Jesus Cristo, abrindo mão de nós mesmos para que outros conheçam a salvação, para que outros não apenas saibam, mas vejam em nós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus.

Tenha uma semana de vitórias e de muita reflexão a respeito do que é seu direito diante daquele que abriu mão de tudo somente por você!

Pr. Saulo Moscoso (Projeto Casa de Oração)

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